Ele é suspeito de receber ao menos R$ 1 milhão em propina do advogado Roberto Zampieri, assassinado em 2023, no contexto de um suposto esquema de venda de sentenças judiciais
O juiz Ivan Lúcio Amarante, da Comarca de Vila Rica (MT), foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira (29), no âmbito da 8ª fase da Operação Sisamnes, conduzida pela Polícia Federal. O magistrado é suspeito de ter recebido pelo menos R$ 1 milhão em vantagens indevidas do advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá.
Afastado do cargo desde outubro de 2024 por decisão liminar do corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, Amarante voltou a ser suspenso nesta quinta-feira, por nova decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida ocorre após a abertura de um Processo istrativo Disciplinar (PAD) no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que manteve o afastamento do juiz em sessão realizada na última terça-feira (27).
De acordo com documentos apresentados pelo ministro Campbell no CNJ, parte dos rees teria sido feita por meio de terceiros, incluindo a atual esposa do magistrado, Mara Patrícia Nunes Amarante, e a ex-esposa, Jucimara de Souza Amarante. Ambas teriam utilizado empresas de fachada do setor de transporte para realizar as transferências ao juiz.
Chamou a atenção dos investigadores o uso compartilhado da chave Pix de Mara entre Amarante e Zampieri, além de 43 transferências bancárias feitas por ela ao juiz entre setembro de 2023 e julho de 2024, somando R$ 750,9 mil. No entanto, a empresa registrada em nome de Mara não apresenta estrutura compatível com essas operações — não há funcionários contratados, tampouco atividade econômica que justifique o volume financeiro.
Já a empresa JSA Logística e Transportes Ltda, vinculada à ex-esposa do juiz, teria transferido R$ 208 mil a Amarante em dez operações realizadas entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023.
A investigação aponta ainda ligações entre familiares do juiz e o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como o articulador de um suposto esquema de venda de sentenças judiciais. A Polícia Federal chegou ao nome do magistrado após a análise de mensagens encontradas no celular de Zampieri, que mantinha conversas frequentes com Gonçalves antes de ser morto.
A Operação Sisamnes apura crimes como corrupção, organização criminosa, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional. Segundo o ministro Campbell, o valor total das vantagens recebidas por Amarante pode superar R$ 1 milhão, uma vez que a análise fiscal da esposa do juiz ainda está em andamento.